domingo, 24 de julho de 2011

Jorge de Altinho




Nome completo: Jorge Assis de Assunção
Nome artístico: Jorge de Altinho
Data de nascimento: (carece de fonte)
Local: Olinda/PE
Gênero: Forró.


BIOGRAFIA / Jorge de Altinho - O Forró Ganha o Mundo.
Por Ronaldo Sotero (Jornalista)

Nascido Jorge Assis de Assunção, na Rua Antonio Carlos Ferreira, 66, bairro de Salgadinho, da histórica e patrimônio mundial Olinda/PE. Filho de Anízio Brasilino de Assunção e Maria Assis de Assunção, batizado na Igreja de São Judas Tadeu, no mesmo bairro, em frente ao Centro de Convenções de Pernambuco.

Seu pai na época era proprietário de um posto de combustível, no bairro da Encruzilhada, em Recife/PE. Decidido á uma vida mais tranqüila, quiçá obra do destino, mudou-se com a família para o município de Altinho, onde passou a negociar com secos e molhados, uma espécie de embrião do ramo de supermercados de hoje.

Em Altinho/PE, o menino Jorge iria passar uma infância típica das crianças de sua idade. Banhos de rios, no Una e Taquara, somente interrompidos com a ida ao Grupo Escolar Professor Francisco Joaquim de Barros Correia. Querido pelos amigos, exercia liderança ao ponto de criar dois times de futebol infantis: o Estrela e o Cruzeiro. O futebol foi e continua sendo uma das paixões de Jorge.

A música sempre o fascinou, ao ponto de copiar suas matérias escolares, ouvindo canções. Chamou sua atenção "Menina Linda", de Renato e seus Blue Caps, sucesso dos Beatles, que por curiosidade resolveu copiar a música inteira no caderno. Nascia involuntariamente seu envolvimento com a música de forma definitiva e irrevogável.
O tempo e os fatos iriam comprovar.

Quase diariamente sua turma tinha por hábito reunir-se sob os coqueiros do colégio para acompanhar Zé Maria, filho de um grande seresteiro que residia em frente aquele local.

Certo dia, todos queriam ouvir o sucesso mundial "Menina Linda", mas ninguém conhecia a música de cor, foi então que surgiu Jorge, com a letra escrita no caderno, um hábito que conservava nos tempos do Barros Correia. Menino tímido, relutou em cantar sozinho. Queriam apreciar sua voz. Cedeu a insistência e acabou cantando. Foi o primeiro aplauso que recebia em sua vida. Uma tarde inesquecível para o sonhador Jorge e caíra as vestes da timidez.

A partir daí Jorge tomou gosto e o caderno ganhou novas cópias. Era sempre procurado todas as vezes que o grupo se reunia para cantar músicas do momento. Um sinal do fã-clube que começava o brotar.

Vieram as festas do colégio. Não poderia mudar a estrada que o destino havia lhe preparado. Matriculou-se na escola de música do município, onde chegou a fazer parte da filarmônica. Esses ensinamentos e o aprimoramento das lições de músicas em muito iriam lhe ajudar futuramente em sua carreira.

Chega o início dos anos 1970 e nesse clima de Jovem Guarda, criou o grupo musical The Big Boys, logo depois uma pequena orquestra de frevos e por fim um conjunto de chorinho, denominado de: Cavaco & Viola.

Separado apenas por 30 quilômetros de Caruaru/PE, considerado um dos maiores caldeirões culturais do Brasil, conviveu com os violeiros, aboiadores, coquistas, sanfoneiros, leitores de cordel, emboladores, além dos artesanatos de palha, couro e barro, do mestre Vitalino, despertou interesse pela música regional, manancial para suas músicas e fonte de permanente inspiração.

Em 1974, era aprovado em concurso para Secretaria de Transportes e Comunicações do Estado de Pernambuco e passou a trabalhar no sertão. Dessa experiência rica e marcante, que iria durar seis anos, nas regiões do Sertão Central, Moxotó, Araripe e São Francisco.

Somado a vivência acumulada e graças a sua percepção, começa a compor músicas ligadas a essas raízes. No encontro casual com o Trio Nordestino, surgiu uma grande afinidade com suas músicas, foi daí que o trio gravou: "Sapo Cururu", cadê o cururu... e "Fole de Ouro", puxe o fole Januário... uma homenagem ao pai de Luiz Gonzaga, em seguida, "A Separação", ninguém quer sofrer... "Forro Quentão", é o forró quentão... "Amor Demais", amor como o nosso eu tô pra ver... "Chamego Proibido", eu quero ser seu amor... "Mané Gambá", com Luiz Gonzaga recentemente exibido três vezes no Big Brother e o clássico Petrolina-Juazeiro, que além do Trio Nordestino, foi gravada por Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e outros. Seu primeiro disco seria gravado em 1980, pela Emi-Odeon, com 12 músicas de sua autoria.

O sucesso surgiria em 1982, quando gravou o seu segundo álbum o antológico disco do chapéu, que, por ter sido prensado o vinil em uma fábrica e a capa em outra, o disco chegou primeiro e a repercussão foi tamanha que as pessoas levavam o disco para depois pegar a capa na loja. Alguns improvisaram a capa com cartolina, o que lhe valeu destaque e um fato curioso: ter sido o primeiro artista brasileiro a vender discos sem as capas.

Com mais experiência, lança em 1983, o disco Canto Livre, que trazia como grande novidade elementos novos para a reoxigenação do forró. Uma vez que o famoso Jackson do Pandeiro já havia experimentado o clarinete e Luiz Gonzaga o piston. Como tinha formação musical filarmônica e ouvindo a orquestra do maestro Camarão, de Caruaru, resolveu resgatar a cultura interiorana que são as filarmônicas que geralmente se apresentam nas festas das igrejas interioranas acompanhando procissões, eventos cívicos, etc. Dessa fusão, adicionou o sax, o piston e trombone, a sanfona, triângulo e zabumba, instrumentos básicos que compõem a música nordestina. Assim, sem perder a originalidade ele foi pioneiro em introduzir os metais no forró.

A partir daí foi contratado pela RCA Victor, hoje BMG Ariola, onde ficou por 10 anos e gravou 16 discos, passando por algumas gravadoras como: Emi-Odeon, Sony, RGE, Paradox e Warner Continental etc.

Ao longo de sua carreira ganhou o respeito e a estima de muitos amigos, como o saudoso Chacrinha, que o convidou a participar de dezena de programas, resultando em vários discos de ouro e o carinho de colegas a exemplo de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Alcione, Raimundo Fagner, Zé Ramalho, todos com participações especiais em seus discos.

Hoje, com 37 álbuns entre vinil e cd's, o artista reúne uma invejável bagagem musical, pois percorreu todo o Norte e Nordeste Brasileiro, cantando e encantando em clubes, exposições, festas de padroeiros, vaquejadas, aniversário de cidades, sempre com o mesmo entusiasmo do início da carreira, levando sempre uma mensagem de otimismo e um recado de amor, com a marca de seu balanço envolvente e com sua voz inconfundível.

Eis Jorge, que um dia foi de Olinda, de Caruaru, de Altinho e que hoje é do mundo, afinal, suas obras pertencem ao universo dos amantes da boa música popular brasileira. Assim é Jorge, imutável pelo talento, corajoso como o sertanejo, detalhista, exigente em sua arte e sobretudo, o cancioneiro que fez o forró ganhar o mundo.


RELEASE CD / Homenagem à Altura do Rei do Baião
Por Jaques Cerqueira (Jornalista)

Esse menino "cabra da peste", chamado Jorge Assis de Assunção, olindense de nascimento e altinense por adoção, se chama na verdade Jorge de Altinho. Ou melhor, como sua fama atravessou divisas, pode ser chamado até Jorge do Brasil. Título que seria mais que justo para esse compositor de mão cheia, intérprete de voz segura e inconfundível, que imprimiu sua marca registrada no forró nordestino, ao meter instrumentos de sopro no forró pé-de-serra, com o fole roncando por trás, cheio de magia.

Desde então, a música nordestina ficou mais alegre, colorida e contemporânea sem perder a originalidade. E Jorge de Altinho ganhou o título de “Príncipe do Baião”, passando a fazer parte da realeza cabocla que tem na figura imortal de Luiz Gonzaga a cabeça coroada como “Rei do Baião”.
Por falar em “Seu Lua”, que neste ano tem o centenário de nascimento festejado de canto a canto do Brasil, Jorge de Altinho resolveu lançar seu 21° CD com uma das mais significativas homenagens ao saudoso amigo e parceiro: “Jorge de Altinho – 100 Anos de Gonzagão”. Pode-se até dizer que, aos 32 anos de carreira, dezessete elepês, vinte CDs, um DVD e dezenas de grandes sucessos nacionais, este é o melhor trabalho de Jorge de Altinho.

Afinal, cada faixa desta homenagem a Gonzagão foi cuidadosamente escolhida por Jorge de Altinho, como quem garimpa brilhantes e no fim consegue reunir várias pedras preciosas cheias de brilho. A começar pela irreverente Mané Gambá, primeira música de Jorge de Altinho gravada por Luiz Gonzaga. Ouvindo essas músicas, a gente parece estar vendo o céu do Agreste pernambucano todo enfeitado de estrelas, iluminado por uma lua do tamanho do mundo e colorido por balões juninos que bailam no ar. Uma festa para imaginação cabocla nenhuma botar defeito.

Nas dez faixas do CD, todas garimpadas do repertório do homenageado, há preciosidades como O fole roncou (Nelson Valença), que ganhou nova roupagem com os metais brincando com sanfona, zabumba e triângulo; o clássico Sabiá (Zé Dantas-Luiz Gonzaga), com todo o lirismo simples da poesia matuta; a belíssima Cantiga de vem-vem (José Marcolino), uma espécie de lamento sertanejo; e Fogo pagou (Rivaldo Serrano de Andrade), verdadeira poesia com sotaque bem nordestino. 
E no meio da festa que é o CD, vale a pena destacar a sensibilidade de interpretação de Jorge de Altinho. Às vezes carregada de tristeza, como pede a letra; às vezes cheia da malícia e da irreverência do matuto nordestino, como sugere a composição.

Dentre os sucessos assinados por Jorge de Altinho, destacam-se “Petrolina e Juazeiro” – regravada por Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Alceu Valença, além de ter feito parte da trilha sonora do filme “Eu, Tu, Eles”; “Confidência”, recentemente regravada pelo grupo Falamansa; e “Capital do Forró” – que deu título a Caruaru.
Vale a pena lembrar que, ao longo de sua carreira, Jorge de Altinho contou em seus discos com a participação especial de grandes amigos que brilham no firmamento da boa música popular, a exemplo de Raimundo Fagner, Alcione, Fafá de Belém e Dominguinhos, que além de assinar os arranjos de seus primeiros dez discos, gravou algumas composições de Jorge de Altinho. Sem falar no Rei do Baião, que gravou três participações nos discos de Jorge, destacando-se o sucesso “Não Lhe Solto Mais”.

Por essas e outras, aí está uma belíssima homenagem à altura do centenário do "Rei do Baião". Vale a pena conferir um Jorge de Altinho cada vez melhor, mais maduro e talentoso.


RELEASE DVD 

Sob a influência do cancioneiro regional, do barro, do couro e dos metais, encontramos este artista tão carismático e verdadeiro representante da cultura nordestina: Jorge de Altinho. Suas composições, ligadas às raízes do Nordeste, ilustrando nosso Forró. Obteve de sua ousadia de trazer os sons das filarmônicas interioranas que se apresentam nas festas populares pra sua música o sax, piston e o trombone combinadas à sanfona, triangulo, zabumba tornando-se pioneiro a introduzir o metais no forró, mantendo a originalidade e inovando este ritmo, que através das andanças do "Rei do Baião" – Luiz Gonzaga alcançou espaço e respeito Brasil afora. Jorge de Altinho é também um dos responsáveis por esta vitória. Como compositor assinou diversas canções interpretadas por renomados da musica popular brasileira. Teve participação fundamental na revitalização dos ritmos nordestinos, dando sempre uma roupagem nova ao forró, xote, baião com suas interpretações cheia de sentimento, de verdades do Nordeste, tornando seu estilo inconfundível, sempre dando novos rumos à música nordestina sem em nenhum momento desfazer de sua originalidade.

Com 37 álbuns gravados entre vinil e cd´s Jorge de altinho reafirma sua sensibilidade e seu empreendorismo musical, comemorando 25 anos de carreira com o lançamento do seu primeiro DVD, idealizado pela sua empresária Gelva Vilar, com Direção Musical de Luciano Magno e Produzido por Fabrízio Ramos, realizado em Dezembro de 2005 no Chevrolet Hall,em Recife/PE, sob patrocínio da Chesf, Prefeitura de Belo Jardim, Prefeitura de Paulo Afonso, Governo do Estado de Pernambuco; com apoio da Agemar, Pernambuco da Sorte, Globo Nordeste, Eletro Shopping e Aleixo Comunicação.

Inspirado pelo amor, pelo artesanato e pela forma simples e poética de homem nordestino, O DVD de Jorge de Altinho traz uma musica elaborada e a qualidade dispensada às grandes produções culturais. Com um roteiro musical e visual que emociona, pela simplicidade e beleza, deixando transparecer o cuidado do artista com o formato de sua obra e com o seu público, que sempre está de braços abertos às produções deste cantor e compositor, especial, que é Jorge de Altinho.

A inovação estética também está pontuada neste show, através do cenário móvel, composto entitulado “Sertões e Mistérios”, inspirado nas xilogravuras gigantes estilizadas pelo artista plástico Leopoldo Nóbrega, sob Direção de Arte de Rafaella Rafael, valorizando através da monotipia o folclore popular nordestino. Luz, cenário, fotografia, coreografias, homenagens, convidados – Dominguinhos, Fagner, Petrúcio Amorim - Seus grandes sucessos - Sou feliz, Petrolina-Juazeiro, Boneca de feira, Vida viola, Menino de Rua, Devagar, Revelações, Confidências e composições inéditas como Bateu no Coração e Cheio de Amor – tudo dividido pelas interpretações carregadas de sentimentos e verdades, fruto do respeito e amor às tradições nordestinas. A sanfona, representante mais legítima de nossa música, nos leva a um passeio musical em tons de fazenda, noites de lua e estrelas do sertão, e muito Forró, Xote, Baião, legitimado pelo talento e a capacidade de experimentar o que de melhor existe na nossa música, trazendo para o mercado um DVD fruto da vivência deste artista genuinamente pernambucano, que é Jorge de Altinho.


[ Editado por Pedro Jorge ]

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